quinta-feira, 25 de agosto de 2011

oqueeucostumavaser:

Ela vive de uma verdade inventada. Tudo que a moça de sorriso largo e coração apertado sabe, viu nos livros. O amor que ela conhece, deriva daqueles romances onde basta um olhar pra se ter o final feliz. Todas as palavras que já vira, são aquelas doces encontradas em um haicai ou em uma poesia qualquer. E os sonhos da moça de cabelo emaranhado, ela furtava dos livros lusitanos. Bastava-lhe um versinho, e a moça já se deleitava com as palavras. Mas o que ela mais gostava de ler — em segredo — era sobre amores (in)correspondidos, ela gostava de se ver em cada trecho, de cada página imperfeitamente escrita. E ela se via. Em cada personagem solitário, abundante ou sincero. Em cada fim, em cada inicio. E ela se via. E se perdia cada vez mais nos livros, pra se encontrar cada vez mais nela mesma. (oqueeucostumavaser)
Ah, meu amor, meu peito ainda bate pela certeza - meio incerta - de que um dia tudo passa.

— Caio Fernando Abreu

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